quinta-feira, 10 de março de 2011

SÉRIE: Seleções Cartas de Amor - de Fred Jorge (carta 68)

Meu inesquecível amor!

            Hoje, a mão da saudade levantou o véu do passado. A paisagem interior de minha alma, sempre tão sombria e cinzenta, surgiu cheia de sol, radiante de beleza. Não era a paisagem do momento, não eram as horas de agora, tão cheias de tédio, de monotonia e de amargura...
            Eram as horas vividas num passado distante. Eram as horas de alegria, quando nosso amor florescia, potente e belo. Quando nós tínhamos o sol radioso das manhãs festivas da existência. Quando nós trazíamos dentro da alma a alegria das noites de luar, e a beleza das estrelas românticas... Tudo isso se ocultava por trás do véu do passado. Tudo isso estava imerso num universo fantástico de mistério e sonhos.
            Só a beleza do sonho pode reviver felicidade passada. Só mesmo a mão da saudade pode, com seu toque macio, despertar os pálidos fantasmas desmaiados pela ação do tempo...
            Nessa paisagem distante, do tempo que não volta mais, tudo está apagado, pálido e tristonho. Só a visão bonita de quem eu ainda amo continua destacada e bela.
            Você vem para mim, querida, nesta hora de recordação e beleza. E meus lábios, trêmulos, buscam o contato dos seus, meu inesquecível amor...
            Mas sua figura bela se esvai lentamente, porque não passa de uma fantasia criada pela minha imorredoura saudade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário