terça-feira, 8 de março de 2011

SÉRIE: Seleções Cartas de Amor - de Fred Jorge (carta 61)

Meu inesquecível amor...

            Cansado de caminhar pelas ruas, dentro desta noite sombria e triste, retornei ao meu quarto. Meus passos ressoavam sombriamente, como se fossem ruídos vindo de um mundo angustioso de sofrimento e dor.
            Os cigarros que fumei lançavam fantásticas espirais de fumaça azulada para o ar. Meus olhos cansados buscavam um motivo de beleza, de alegria ou de distração. Mas nada encontravam, meu amor: tudo lembrava você. As flores arrumadas no vaso, o teclado mudo de um piano aberto num sorriso constante, uma luva abandonada sobre o divã como se fosse um pequeno gesto de adeus. Você estava em toda parte, através dessa saudade infinita que me lembrava você.
            Minhas mãos trêmulas estavam geladas; queriam você, seu contato, sua presença, mas nada eu consegui encontrar além do vazio. Sim, meu amor: o vazio de minha vida, do meu coração e de minha alma.
            Compreendi que nem a maior saudade do mundo seria capaz de encher o deserto imenso de minha vida. Compreendi que só a sua volta poderia trazer ao meu coração a alegria de viver. Chorei em solidão; não me envergonho dos soluços que sufoquei na garganta. Minhas mãos nervosas não paravam. Eu precisava de você. Eu queria falar com você. Só você, querida!
            E foi então que eu tomei desta folha de papel e escrevi mais uma carta de amor...

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