terça-feira, 8 de março de 2011

SÉRIE: Seleções Cartas de Amor - de Fred Jorge (carta 60)

Meu inesquecível amor!

            Melancolia... tristeza dentro da tarde cinzenta, que parece desmaiar lentamente nos braços da noite... amargura infinita de sentir dentro da alma este vazio, que fala de sombras perdidas dentro de um passado que não volta mais – sombras que sugerem a visão bonita de um mundo que foi totalmente disperso; sombras que falam de vidas entrelaçadas e que agora nada mais são do que fragmentos de saudade...
            Sabe, meu amor, eu procuro imaginar o Reino da Saudade. Sim: se a saudade é tão grande, e está um pouco dentro de cada vida, deve ter um reino infinitamente grande. Deve ter um conjunto de vultos, que vivem imersos na escuridão, na bruma...
            Nós também agora pertencemos a esse mundo perdido. Nós, que éramos dois corações pulsando sempre ao mesmo ritmo, com o mesmo calor, com a mesma beleza, somos duas sombras perdidas dentro desse lugar triste, cansado, onde só se ouvem murmúrios, e os leves soluços das almas desesperadas...
            Nada mais somos do que dois vultos perdidos na estrada da amargura, levados sempre pela mão branca e carinhosa da saudade, meu amor...

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