quarta-feira, 9 de março de 2011

SÉRIE: Seleções Cartas de Amor - de Fred Jorge (carta 63)

Meu inesquecível amor!

            Nesta hora terrível de saudade e angústia, eu sinto a mão do tédio pesando sobre minha alma. Sinto a asa da angústia esvoaçando na paisagem cinzenta de minha alma. Sinto as garras do desespero estraçalhando meu coração. E todo meu ser é uma atitude única de desconforto, de ódio e de revolta...
            Porque você não está comigo, porque você está longe, eu maldigo todo aquele que passa por você. Eu maldigo aquele que, ao olhar seus olhos, fique embevecido e ébrio dessa luz que foi minha estrela, o meu luar, o meu sol. Eu maldigo aquele que, ao tocar suas mãos, tenha um estremecimento de desejo, uma palpitação de volúpia. Maldigo aquele que tocar a noite negra de seus cabelos e aspirar o perfume que eles contém, que foi para mim toda a primavera em flor. Maldigo aqueles que vire o seu vulto bonito, a sua delicada silhueta, os seus lábios cor de pecado e a sua alma pesada de pecadores desejos.
            Mas, bendigo você, que ao passar em minha vida, deixou um rasto de beleza e de poesia – e eu a bendigo por esta angústia deliciosa, porque é a angústia da paixão. Eu a bendigo por esta melancolia cinzenta, que é a tristeza de amar. Eu a bendigo por tudo o que sou neste momento, e por esta saudade doce, que me faz chorar sorrindo, meu amor!...

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