O
inverno ruge lá fora, com o seu cortejo triste de lágrimas de orvalho e prantos
de garoa. Eu estou só dentro do meu quarto. Minha alma estremece: há mais frio
em meu coração do que na natureza sombria; há mais escuridão dentro de minha
alma do que na noite silenciosa e imensa...
Se
você voltasse, querida, o fantasma da dor talvez fosse expulso de minha vida.
Minhas mãos ficariam aquecidas, envoltas nas suas mãos, e meus lábios sorveriam
todo o calor, de que necessito para viver, nos seus lábios rubros, cor do
pecado e do sangue...
Mas
você não vem. A solidão está comigo, só a solidão imensa que me assusta, que
faz meus olhos chorarem docemente, como se fosse uma chuva mansa caindo sobre a
cidade dos meus sonhos mortos...
Não
compreendo a vida sem você. Não compreendo um único momento de alegria, longe
de sua presença. E você não vem, não virá jamais...
E
continua o inverno, cada vez mais rude, dentro de minha alma, meu amor – meu
inesquecível amor.
Fred Jorge
Nenhum comentário:
Postar um comentário