Meu inesquecível amor!
Você
devolveu todas as minhas cartas de amor! E uma fotografia amarelada, desbotada
pelo tempo cruel que passa indiferente aos sonhos de felicidade. Eu as reli uma
a uma. E senti que não havia falsidade. Naquelas frases que minha lama ditou,
tudo era sincero. Percebi que eram fragmentos do meu coração, querida. Devolver
velhas cartas não é devolver tranquilidade, alegria ou sonho. Numa carta de amor
não existem palavras e sim retalhos de alma, de emoção e de desejo. Você que as
leu, talvez com indiferença, jamais poderá imaginar com que emoção foram
escritas. Jamais poderá imaginar como eu as realizei, trazendo o coração
repleto de sonho e poesia.
No
entanto, você não soube compreender. Não soube permitir que nossas vidas
ficassem juntas. E deu ao nosso romance um epílogo banal. Um rompimento e a
devolução de cartas de amor. A fotografia também está novamente em minhas mãos.
Eu a olho e sorrio amargamente. Agora estamos longe um do outro, já não sou o
mesmo que sorri naquele retrato desbotado, que guarda uma juventude eterna. Venha
me ver, querida. E compreenderá. Compreenderá como o tempo passa depressa para
quem ama. Compreenderá como a vida não tem sentido para os corações solitários.
E verá que sou um novo homem, abatido, indiferente, e não aquele jovial e
alegre que tanto gostava de você. Sei que você devia guardar o retrato e as
velhas cartas. Não são minhas e nem foram escritas por este solitário, foram
escritas por esse jovem que sorri na fotografia, tirada num passado feliz. E as
cartas foram escritas pela minha alma, meu amor.
Fred Jorge
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