Meu inesquecível amor!
Chega
o Senhor Inverno, com suas roupagens de malhas de lã, com seus agasalhos
pesados, e com seus pés frios, mergulhados no orvalho que cintila nas folhas
dos ramos!... Sim, aí está o Senhor Inverno com todo seu cortejo de rigores,
com seu funesto conjunto de calafrios, pondo medo nos olhos de todos e tremores
nas mãos.
As
noites começam a ser pesadas de neblina e de garoa – noites longas, cansadas,
que parecem modorrar no silêncio triste das madrugadas gélidas.
Meu
coração recebeu indiferentemente o Senhor Inverno – sim, querida, porque meu
coração já estava frio, completamente morto, hirto... Aconteceu na primavera;
quando você partiu, em plena primavera, minha alma recebeu o inverno. E, desde
então, minha paisagem interior ficou desolada e fria; ficou completamente
morta, sem um único ramo verde...
Agora,
aí está o Senhor Inverno... Talvez ele recue apavorado, talvez fuja de medo,
querida, porque esse Senhor Inverno, que cresta as folhas, não é nada perto do
inverno do meu coração, querida...
Fred Jorge
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