Você gosta de ler livros? Bem, talvez essa não seja a pergunta certa. Esta aqui é melhor: você lê livros frequentemente? E quando digo frequentemente, não quero dizer uma vez a cada seis meses. Caso você tenha respondido “sim, eu leio livros com muita frequência”, meus parabéns! Mas devo dizer: você e eu fazemos parte de uma minoria. Se você respondeu “não”, pense pelo lado positivo: não é só você. No trabalho, durante a hora do almoço, é grande o número de pessoas que, enquanto me veem lendo algo, dizem que também precisam ler mais. O problema é que nunca começam.
Certo, mas por quê? Por que as pessoas sabem que “devem” ler mais e, mesmo assim, não leem? O “devem” está entre aspas porque não concordo com a ideia de que as pessoas devem ler por obrigação. Tanto que, se me perguntam o segredo para ler bastante, só digo que é preciso ler algo que se goste. Mas, voltando à questão desse desinteresse para com os livros, será uma questão de tempo? Ou talvez seja complicado demais ler aqueles livros velhos com uma linguagem ultrapassada? Provavelmente porque a literatura não traz benefício algum?
Benefícios os livros trazem de sobra: sua argumentação melhora, o conhecimento da própria cultura e da cultura alheia aumenta, até o raciocínio ganha uma acelerada. Novos caminhos se abrem e com eles surge, também, um mundo de possibilidades. Em um livro, nos deparamos com certas situações as quais relutaríamos muito em enfrentar na vida real. Se imagine no lugar de Hamlet, personagem de uma peça de Shakespeare: Hamlet descobre que seu pai foi morto pelo próprio tio. Nesse momento, surge aquela pergunta: e se isso acontecesse comigo, o que eu faria? Legal, não? A literatura tem esse efeito, faz com que nos coloquemos no lugar dos outros, nos faz entrar em contato com os sentimentos dos personagens como se fossem os nossos. É a tal de catarse, um nome complicado para descrever algo tão simples. E, adotando essa atitude com aqueles ao seu redor, suas relações melhoram.
Agora o problema do tempo… o tempo… o tempo. Será que falta tempo mesmo? Sem ofensa, mas quando o assunto é balada, aquele “churras” no fim de semana ou petisco no bar com os amigos, sempre sobra um tempinho, não? E quando alguém lhe recomenda tal livro, salta aquele monte de desculpas: “não tenho tempo para ler” ou “meu dia é tão corrido que não tenho tempo para isso” e por aí vai. Por que não ler enquanto se espera o trem ou o ônibus? Ou separar um tempinho após o almoço? Aos sábados e domingos talvez? Posso estar muito enganado, porém eu creio que isso é uma questão de vontade mesmo. Não é necessário ler um livro inteiro em um único dia. Leia aos poucos, em doses controladas e homeopáticas e, quando menos esperar, já estará lendo o epílogo.
Eu preciso concordar com uma coisa: é um pouco difícil entender a linguagem de livros mais antigos. Às vezes, parece até uma outra língua. Mas não é necessário começar lendo uma obra consagrada (um nome mais bonito do que livro velho). Comece por aquilo de que você gosta, pois há livros para todos os gostos. Quem sabe um mistério no interior da Inglaterra acompanhado da doce (e astuta) velhinha Miss Marple, personagem de Agatha Christie. Por que não acompanhar a trajetória de Aurélia, uma mulher forte, que é o centro do romance “Senhora”, de José de Alencar. Se você é aventureiro, talvez goste de “A Ilha do Tesouro”. Ou você pode ser como eu, e imergir completamente nas histórias de terror escritas por Stephen King, com seus monstros, demônios e animais mortos que voltam à vida. A literatura não tem fronteiras ou preconceitos, é possível encontrar de tudo nesse mundo de páginas e mais páginas. Se mesmo assim você não encontrar sua obra, comece por um jornal, uma revista especializada.
Só para finalizar, os resultados de um levantamento do Instituto Pró-Livro, realizado em 2009, revelam que o brasileiro lê, em média, 1,3 livro por ano, excluindo-se as obras didáticas e pedagógicas. Pouco, né? Que tal tentarmos aumentar esse número e ver se o interesse pela leitura consegue modificar um pouco a realidade ruim do Brasil? Se você dispôs de paciência para ler esse texto até o fim, eu agradeço, pois esse é o primeiro passo. Agora, se você já foi contaminado pelo vício da literatura, que tal partir para algo maior? Escrever, talvez? Mas vamos deixar isso para outro artigo.
By Edson G. Silva, graduando em Letras pela FIRP.
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