terça-feira, 26 de outubro de 2010

Série: Seleções Cartas de Amor, de Fred Jorge (Carta 50)



Meu inesquecível amor!
            No momento em que escrevo esta, olho pela janela e vejo a multidão alucinada gritando doida na rua. É como se eu estivesse vivendo dentro de um inferno terrível. No meio da multidão, reconheço os pavorosos monstros que tentam invadir meu quarto, e tomar minha alma: são o esquecimento, o tédio, a amargura, a dor e a angústia...
            Tudo não passa de um doido delírio. Tudo não passa de uma grande alucinação dos meus sentidos. Em vão tento readquirir a calma. Agora já é tudo silêncio, porque, em meio à multidão lá fora, predomina a figura alva da saudade. Ela vem e me diz mansamente que sou amado e que não fui esquecido, que, muito longe, alguém pensa em mim.
            Sinto-me terrivelmente só agora, e meus dedos nervosos mal podem escrever as palavras que penso.
            Quero dizer a você que a amo, que a quero só para mim, que você é parte integral do meu viver; que preciso de você, como preciso do ar que respiro; que preciso de você como a noite precisa de luar; que preciso de você, porque só a saudade não basta – quero também sua presença linda em minha vida, querida!

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