Os dias passam e vão como o
vento... E nada volta... Nada mais será como foi aquele dia. O dia que desejei
não ter lhe conhecido, desejei não saber seu nome ou ver a cor dos seus olhos,
nem sentir o seu sabor. Agora o que me restam senão as brumas da solidão, o
vazio. O desejo ardente, uma boca sem seu beijo, um corpo sem suas mãos, um
coração cheio e uma mente insana. E passam-se os dias sem sua presença, sem o
cheiro da sua pele, sem o calor do seu corpo dos seus abraços. Só queria voltar
um segundo que seja, para um último beijo, um último olhar, um último toque,
que seja. Não vou suportar, tanto tempo... Mata-me, as lembranças de cada
segundo ao seu lado, nossos corpos enroscados, entrelaçados e suados, o cheiro
do nosso desejo, a doçura dos seus beijos, as carícias das suas mãos. Mata-me
saber que não mais poderei lhe ter, nem mais um segundo se quer, nem mais um
instante. Restam-me as lembranças, que se vão aos poucos. Embora as queira
guardar em minha mente, como pedras preciosas, mas não conseguirei fazê-las. Preciso
de pele, de cheiro, do seu beijo. Preciso lhe sentir dentro de mim, como brasas
acessas prestes a incendiar uma alma, preciso dos seus olhos nos meus, da sua
voz nos meus ouvidos falando baixinho, sussurrando seu desejo, nosso ardor.
Faria tudo por mais um beijo. Um único beijo. Nada mais.
Estou em cinzas, que se vão aos
poucos... Destruindo cada molécula do meu ser. Pois não poderei mais lhe ter. E
isso amor meu, ainda que "para sempre" seja infinito, não me
arrependo do meu amor em nenhum quesito. Não me arrependo! Ter me dado a você,
me entregado completamente sem restrições, mesmo que por um dia, um único dia
de amor. Não me arrependo! Agora vou em cinzas para sempre. Não quero mais
existir sem você. Deixe-me partir. Ainda que minha vontade sempre foi a de
ficar. Mas a vida, essa vida, brinca conosco como se fôssemos peças de um
xadrez. Nos une e nos separa. Separa para sempre, separa infinitamente. Nos
arranca de nós mesmos, do nosso mundo. Agora vou embora... Mais uma vez eu
digo, pra ver se ainda consigo um instante, um breve momento ainda da sua
presença, mas que dói e sangra. Queria não ter lhe conhecido, juro! Nunca ter visto
sua face... Mas agora que lhe vi, agora que lhe senti, agora que lhe beijei...
by Patrícia Gouveia
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