Ah,
aquele beijo...
Era um domingo à
tarde, um dia sem sol, sem frio, sem calor, apenas nuvens no céu. Um dia
fresco, sem nada de especial. Início dos anos 90, onde sempre havia um salão de
baile em cada cidade. E nesse dia não era diferente na pacata cidade de Rio
Grande da Serra. Uma pequena cidade escondida em São Paulo, quase jogada ao
fundo da mata atlântica que a cercava. E nesse dia, Diogo estava em frente ao
salão de baile Clube 11, onde de vez em quando dava uma de DJ amador
selecionando as músicas para a seleção de músicas românticas. Ainda não era a
sua vez de subir ao palco e manusear as pick-ups. Jorge, o outro DJ, estava lá
comandando a seleção de RAP, enquanto Diogo e alguns amigos estavam em frente à
discoteca conversando amenidades. Deveria ser já quase 16 horas e nada fora do
comum havia acontecido neste dia cinzento. Algumas pessoas entravam e outras
saiam descontraídas da discoteca. Diogo, prestando atenção na conversa com os
amigos, não percebeu quando um repentino vento passou por ali, trazendo um
acontecimento que ele guardaria em seu coração por longos anos.
Quando a brisa da tarde passou, veio junto três moças,
Rosimeire, Elisa e outra garota que Diogo não sabia o nome. Cumprimentaram-se
como de costume, um beijo no rosto seguido de perguntas banais. Elisa, sabendo
que Diogo era um dos DJs da discoteca, interrogou-o acerca da música que rolava
lá dentro, mas que se podia ouvir do lado de fora perfeitamente alto:
- Só toca RAP nessa porcaria? – perguntava Elisa, sorrindo.
- Se eu mandar trocar o RAP pelas músicas românticas,
você dançaria comigo? – perguntou Diogo já segurando a mão de Elisa.
- Sim – respondeu ela, sem soltar da mão de Diogo.
Então, Diogo pediu que ela aguardasse um instante e
correu para avisar o outro DJ que não iria fazer a seleção de músicas
românticas, pois ia dançar com uma amiga, e deu orientações para que colocasse
determinadas músicas na seleção. Depois, voltou correndo para junto de Elisa,
que conversava animadamente com suas amigas e amigos e segurou sua mão,
sussurrou em seu ouvido que já havia dito ao outro DJ que tocasse as músicas
românticas. Elisa sorrindo acenou com a cabeça concordando.
Poucos minutos depois ouviu-se as batidas fortes de uma
melodia e Diogo sem pestanejar puxou Elisa para o centro do salão. E entre
outros casais que se aninhavam nos braços de seus pares, Diego e Elisa
começaram a dançar.
Na primeira música, nada demais aconteceu entre os dois.
Quem olhava para eles, via apenas mais um casal normal dançando. A primeira
música se foi e a próxima começou a tocar antes que acabasse de tocar a anterior,
e nem Diogo nem Elisa perceberam que ainda dançavam agarrados, bem devagarinho.
Aos poucos as mãos de Diogo deslizaram suavemente pelas costas de Elisa e para
sua surpresa, ela apertou suas costas com uma das mãos. Então, com a mão
esquerda envolto na cintura dela, sua mão direita subiu pelas costas até
encontrar seus cabelos castanhos e abundantes.
Sem mesmo premeditar quaisquer gestos, Diogo e Elisa retribuíam um ao
outro os carinhos recebidos, e sem mesmo perceberem, sem mesmo cogitar a
respeito, sem mesmo premeditar, seus rostos se roçaram um no outro e um beijo
aconteceu. Os lábios se encaixaram perfeitamente, as mãos apertavam aqui e ali,
puxavam devagarinho um para mais perto do outro. Para eles, só existiam eles
ali na pista de dança. Ninguém mais. Nem música, nem nada. Apenas os dois. Foi
um longo beijo. Tão longo que durou a seleção de lentas toda. Um beijo intenso,
de tirar o fôlego, reprimido há muito tempo, nunca dado antes pelos dois em
ninguém. Um beijo que parecia que levitava os dois a um mundo desconhecido. Que
fazia tudo sumir em volta. Um beijo que demorou a se acabar. Mas, enfim a
seleção de lenta se acabou, e com ela, o beijo de Diogo e Elisa. Ainda
atordoados pelo beijo, Diogo segurou sua mão e a arrastou para um canto do
salão. Notou, porém, que todos a sua volta observavam cada movimento que davam.
Outra seleção de músicas começou, mas Diogo e Elisa ainda
estavam absortos no que havia acontecido. Uma das amigas de Elisa veio correndo
falar com ela e Diogo a ouviu dizer a amiga: “Que beijo!”. Depois que a amiga
de Elisa se afastou, Diogo puxou-a para junto de si novamente para mais um
beijo, e outro e mais outro...
Depois de outros beijos tão intensos e tão íntimos, Elisa,
com a cabeça recostada no peito de Diogo, disse-lhe:
- Eu não quero ficar por ficar.
- Eu também não. – Respondeu Diogo – A quero para mim.
Quero algo sério com você.
Elisa recostou-se novamente no peito de Diogo, feliz com
a resposta.
A hora passou lentamente e Elisa precisou se afastar do
abraço aconchegante de Diogo, que, mesmo não querendo deixá-la ir, permitiu que
Elisa se afastasse. Na entrada do clube, conversaram mais um pouco:
- Te verei outra vez?
- Sim – respondeu Elisa com um sorriso.
- Quando?
- Não sei ainda. Mas a gente se vê, pode ter certeza.
Deu um beijo de despedida em Diogo e foi-se embora para
sua casa, enquanto Diogo a observava até que ela sumisse numa curva distante.
Aqui começa outra parte dessa história, que começou de um
jeito tão lindo, tão doce e tão singelo. Um verdadeiro sonho de amor.
O domingo avançou a passos preguiçosos para a noite. Diogo
em sua casa, deitado em sua cama, não se esquecia de Elisa um segundo sequer.
Ao lado de sua cama havia um aparelho de som Sony, que Diogo ligou, plugou o
fone de ouvido, escolheu um LP com algumas das músicas com que ele e Elisa
dançaram naquele mesmo dia, apagou a luz do quarto e deitou-se em sua cama.
Embalado ao som que ouvia por meio dos fones, adormeceu e sonhou com aquele
beijo inesquecível que dera em Elisa.
Na manhã seguinte Diogo levantou-se e foi para seu
trabalho. O dia foi angustioso. Era difícil concentrar-se nas tarefas diárias e
pensar em Elisa. Ela ocupava todo seu pensamento. Ainda sentia em seus lábios o
gosto daqueles beijos apaixonados. Ainda sentia em suas mãos o cheiro do
perfume que exalava dos cabelos de Elisa. Foi de fato, um dia tedioso para se
trabalhar e para piorar, o dia parecia que tinha preguiça de passar. Finalmente
o fim do expediente chegou e Diogo não conseguia disfarçar o desejo de ir
embora. Queria dar um jeito de se encontrar com Elisa. Sabia onde ela morava e
daria um jeito de vê-la custasse o que custasse.
Já em casa, Diogo resolveu escrever uma carta de amor
para Elisa, e assim o fez. Escreveu uma carta onde expressava todo seu desejo,
e também contou como ficara encantado com o que havia-lhes acontecido no dia
anterior. Dizia na carta que a queria, que desejava-a como mulher, como esposa.
Que colheria cada beijo que aquela boca pudesse transmitir. Disse também que dormira
sorrindo pensando naqueles beijos estonteantes. Naquela troca de carinhos
involuntários, que pareciam ter vida própria, impensados, não planejados
anteriormente por nenhum dos dois. Disse o quanto estava ainda embriagado pelo
perfume de seus cabelos abundantes e morenos e apaixonado por aquele sorriso
largo e sincero. Após concluir a missiva, dobrou-a com carinho, enfiou no bolso
da jaqueta e foi ver se conseguiria ao menos entregar a carta a Elisa.
No meio do caminho Diogo deu de cara com Rosimeire, uma
das amigas de Elisa que a acompanhara no baile no dia anterior.
Cumprimentaram-se como de costume, perguntaram amenidades e de súbito Diogo
perguntou de Elisa. Rosimeire respondeu que Elisa estava feliz, encantada com
Diogo, que provavelmente rolaria um namoro, opinou Rosimeire. Os olhos de Diogo
brilharam. Enfiou a mão no bolso e pegou a carta que havia escrito para Elisa e
pediu para que fosse entregue para ela. Prontamente Rosimeire se dispôs a
servir-se de emissária daquela iminente história de amor que desenrolava-se
diante de seus olhos, afinal das contas, tanto Diogo como Elisa, eram ambos
velhos amigos de Rosimeire. Mas ao mesmo tempo que pegou a carta endereçada à
Elisa, Rosimeire, com outra mão, mostrou a Diogo uma outra carta, de Elisa para
Diogo. Rosimeire informou então a Diogo que Elisa também passara a noite
pensando nele e em tudo o que havia acontecido no dia anterior e, tal como
Diogo, também escrevera uma carta de amor e pedira que Rosimeire desse um jeito
de encontrar Diogo para entregar-lhe a carta. Diogo estremeceu de emoção.
Prometeu que leria com carinho. Despediram-se e Diogo não conseguia disfarçar a
ansiedade que percorria seu corpo. Foi o mais depressa possível para sua alcova
para poder ler sozinho, sem olhos bisbilhoteiros, a carta daquela morena que
havia arrebatado seu pobre coração.
Já em seu quarto, longe de tudo e de todos, Diogo abriu a
carta e começou a ler. Duas páginas, com letras bem legíveis e firmes,
rememorava detalhadamente cada instante daquele domingo memorável. Elisa dizia
na carta que havia acabado de tomar um banho delicioso, passado seu perfume
preferido pelo seu corpo todo, vestido uma camisola linda, e deitado em sua
cama para poder escrever-lhe a carta. Disse que era assim que gostaria de
esperar seu maridinho quando estivesse casada. Disse ainda tudo o que ocorrera
no baile. Dos abraços apertados, do beijo fatídico, do entorpecimento que cada
beijo proporcionava, do esquecimento do mundo a volta dos dois, dos carinhos
espontâneos que nasciam sem perceberem. Da intimidade inesperada, como se já
fossem íntimos há muito tempo. Contou ainda que não queria ser iludida, que
queria ser amada e retribuir o amor. Que tinha o desejo de poder repetir os
beijos dados, que estava apaixonada. Diogo leu tudo, com carinho, sem pressa de
terminar, saboreando cada palavra, cada expressão. Tudo o que Elisa disse ter
sentido, Diogo também havia sentido e então ele percebeu que era recíproco em
seus sentimentos e carinhos. Que valia a pena encarar esse amor que se
avizinhava. Que Elisa era a mulher de seus sonhos. E decidido, Diogo estava
disposto a encontrar Elisa de qualquer jeito. E esse encontro aconteceu no dia
seguinte quando Elisa ia para a escola.
Diogo a encontrou quando ela já se dirigia para a escola
e infelizmente Elisa já estava em cima da hora e mal puderam conversar. Mas
Diogo pediu-lhe um beijo, mesmo que fosse apressado e Elisa sorriu e beijo-o. O
mundo a volta parou outra vez nesses poucos segundos que o beijo durou. Quando
Diogo deu por si, Elisa já entrava apressada no colégio. E assim, mais um dia
se foi. Diogo, porém, estava resoluto que no próximo encontro, pediria Elisa em
namoro e assim, a teria para si.
Esse outro encontro só foi possível dois ou três dias
depois.
Diogo encontrou Elisa no mesmo lugar onde ocorrera o
último beijo dos dois. Elisa, porém, já não sorria mais. Seu belo rosto
transfigurara-se em uma máscara de ódio, repugnância, tristeza e desilusão.
Aquele sorriso de outrora foi substituído por uma boca séria, trêmula, contendo
um choro, que nem ao menos sorria. Seus olhos tão belos, de um moreno
encantador, estavam sérios, iludidos, úmidos pelas lágrimas derramadas em algum
momento antes desse encontro. E suas palavras, outrora doces, delicadas, estavam
crispadas de raiva fria e tristeza que Elisa não conseguia disfarçar. Com todos
esses aspectos tenebrosos, Elisa atacou Diogo sem piedade. Não deixou nem que
Diogo se pronunciasse, nem pensasse em se defender. E Diogo, perdido em si, sem
saber o que havia acontecido, não esboçava nenhuma reação. Calado, apenas ouvia
Elisa derramar toda a tristeza de seu coração ferido e magoado.
O que se passara naquele momento perduraria por anos na
vida de Diogo. Mais de duas décadas. Parece haver na vida das pessoas forças que
operam para que elas não sejam felizes. Destruindo sonhos, apagando sorrisos,
separando casais enamorados, destruindo jardins de lindos sonhos de amor,
borrando as cartas apaixonadas, despedaçando corações desiludidos. Diogo foi
mudado completamente por esse acontecimento. Levaria esse acontecimento pelos
fins de seus dias. Sabia que um dia tiraria isso a limpo. Custasse o que
custasse, levasse o tempo que fosse.
Diogo, depois que Elisa despejou-lhe toda a tristeza que
havia em seu coração, foi para sua casa aturdido, perdido, sem rumo, sem saber
o que fazer. As palavras de Elisa ecoavam em seus ouvidos ainda:
- Você, senhor Diogo, me iludiu, sabia? Fiquei sabendo
que você não quer nada sério com ninguém, que só gosta de abusar das menininhas
e depois bye-bye. Sabe quem me disse essas coisas? Seu melhor amigo. Eis o tipo
de amigo que você tem! Suma da minha vida! Estou muito magoada com você!
Decepcionada com você!
Essas palavras eram para Diogo como espadas afiadas
penetrando-lhe a alma. Eram como dardos com venenos em suas pontas que lhe
acertavam em cheio o coração. Seus olhos não conseguiam chorar uma lágrima
sequer. Estava embrutecido com o que lhe acontecera. De uma hora para outra
todo aquele sonho de amor virou uma mancha negra, como uma rosa murcha num
canto qualquer da rua. Tudo havia se acabado. Não haveria mais beijos
estonteantes, nem abraços apaixonados. Muito menos um romance. Nada. O fim de
um lindo sonho de amor finalmente havia chegado.
O que irritava Diogo era que seu amigo, seu melhor amigo
tivesse ditos aquelas coisas. Pior, eram mentiras descaradas, que,
infelizmente, conseguiram afastar Elisa para sempre de sua vida.
Dias se passaram e Diogo encontrou-se com um amigo,
Jorge. Esse Jorge era o outro DJ que ficou responsável pela seleção de lentas
que Elisa e Diogo dançaram naquele domingo inesquecível. Conversaram:
- Com vai, Diogo? E a Elisa? Já estão namorando?
- Não. Não vai rolar nada. Acabou.
- Como assim, acabou?
- O Dennis falou algumas mentiras para ela e ela acreditou
nele.
- O que o Dennis disse para ela?
- Disse que eu não queria nada sério com ninguém, que eu
só gostava de me aproveitar das meninas e que iria fazer o mesmo com ela.
- Tem certeza que foi o Dennis?
- Sim, ela me falou. Na verdade ela me disse “o seu
melhor amigo disse isso”. Oras, meu melhor amigo era o Dennis, pô.
- Mas você tem certeza que foi o Dennis?
- Tenho, pô!
- Tem certeza mesmo que foi o Dennis? Você tem certeza?
De repente, como um clique na cabeça de Diogo, uma dúvida
lhe ocorreu no mesmo instante que o Jorge perguntou-lhe pela terceira vez se
tinha certeza que havia sido o Dennis. Por que ele estava insistindo nessa
pergunta? Qual o interesse do Jorge nessa questão? Diogo decidiu tirar isso a
limpo. Foi rapidamente até a casa do Dennis, seu amigo que havia destruído seu
romance com Elisa.
Dennis recebeu Diogo com certa cautela, devido a
expressão em seu rosto:
- E aí, cara, sumiu? Tudo bem?
- Você tem conversado com a Elisa por esses dias?
- Não, a última vez que a vi foi naquele domingo que
vocês dois deram aquele amasso. Por quê?
E Diogo contou-lhe tudo, como também a sua desconfiança
depois da conversa com o Jorge.
- Eu jamais faria isso com você, Diogo. Mesmo que essas
coisas fossem verdades.
- Eu sei. Comecei a desconfiar quando o Jorge perguntou
insistentemente se havia sido você. E outra coisa, a Elisa não sabia que você
era meu melhor amigo, ela sempre achou que fosse o Jorge. Decifrei esse enigma
de traição, mas perdi a Elisa para sempre.
Nesse tempo, mesmo com cerca de 20 anos, Diogo já era
decidido em suas decisões. Além do mais, não gostava de ser um estorvo para
quem quer que fosse. Ele não insistia em nada que não havia dado certo.
Diogo foi para sua casa, e, como da outra vez, escolheu
um LP, colocou em seu aparelho de som Sony e deitou-se na penumbra do quarto. A
música contava a história de um amor que havia se acabado de uma hora para
outra. A única coisa que havia ficado, segundo o autor da letra, era o gosto de
um beijo que ele nunca esqueceu.
E assim aquela bela história de amor, que havia nascido
nos corações de Elisa e Diogo, chegou ao fim. Movido por inveja talvez, ou por
maldade mesmo, Jorge colocou fim numa história de amor que tinha tudo para
brotar como uma linda flor. Na vida há pessoas maldosas cuja diversão é
praticar mal às pessoas. Elas maquinam mal enquanto se deitam em suas camas
durante a noite ou mesmo quando estão em seus afazeres diários. Não importa,
seu desejo é ver as pessoas sofrerem, amores destruídos, enfim. A maldade tem
que ser feita, não importa contra quem. São atitudes de pessoas infelizes,
incapazes de se alegrarem com a alegria de outrem. Se ela não pode ser feliz,
então, ela fará qualquer coisa para que as demais pessoas em seu círculo de
amizade, também não sejam.
Contudo, Diogo nunca esqueceu essa história, e nem o
desejo de colocar essa história a limpo saiu de seu coração. Vez ou outra Diogo
via Elisa por aí, mas não passava de “oi” de ambos os lados. Quase 25 anos
depois, andando pela cidade de Ribeirão Pires, Diogo viu, sem querer, Elisa
junto a uma menina, que devia ser sua filha, ao lado da Vila do Doce. Sem
pestanejar, correu até ela, tocou-lhe o ombro esquerdo e disse:
- Oi Elisa!
- Oi, Diogo! Há quanto tempo!
- Eu preciso lhe dizer uma coisa. Há muito tempo tento
dizer-lhe isso. Foi o Jorge que disse aquilo tudo para você, não foi o Dennis.
O Jorge mentiu para você.
Elisa, sem jeito, sem saber o que fazer ou falar, apenas
sorria tristonha.
- Faz tanto tempo!
- Sim, quase 25 anos! Era só isso que eu tinha para
falar. E quem é essa menina linda?
- É minha filha caçula.
- Ela é linda. E você continua linda.
- Obrigada! Você tem whats? Para a gente manter contato.
- Claro.
Então, depois de quase 25 anos depois daquele domingo
fatídico, Diogo e Elisa se encontraram. Infelizmente essa história não terá
mais prosseguimento. Elisa agora está casada, tem dois filhos maravilhosos.
Diogo, foi casado por 14 anos, também tem dois filhos, mas há 6 anos está
divorciado e sozinho. Dessa história de amor restara apenas recordações e mais
nada.
Sozinho em seu quarto, Diogo relembra de vez em quando
aquela antiga música, que, durante mais de 20 anos contava uma história que ele
também havia vivido. A letra dessa canção diz assim:
Ainda guardo na boca o
gosto daquele beijo
E na lembrança, uma
história
Cheia de amor e desejo
Só um aceno e depois
O olhar perdido na
estrada
E só restou de nós dois
Recordações e mais
nada.
Como é possível
esquecer
O nosso encontro
primeiro
Você chegou
simplesmente
E eu perguntei quase
nada
E num momento nós dois
Nos envolvemos demais
Mas pouco tempo depois
Aquele adeus, nada
mais.
E o nosso amor se
perdeu
Se consumiu por inteiro
Como um cigarro
esquecido
Na borda de algum
cinzeiro
De tudo aquilo ficou
Essa saudade guardada
E de nós dois só restou
Recordações e mais
nada.
Ainda guardo na boca
O gosto daquele
beijo...
(Música de Roberto
Carlos e Fred Jorge)
Escrito por Douglas
Diniz, história concluída em 24 de julho de 2018. Os nomes dos protagonistas da
história foram trocados por motivos óbvios.
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