segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Havia um tempo...

Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a clarabóia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio da parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.

Mário Quintana

sábado, 14 de outubro de 2017

Deixem-me Envelhecer



Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,


Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,


Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,


Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,


Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,


Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,


Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,


Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.


Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,


Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,


Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e reflectir,


Ter amigos para compartilharmos


experiências, conhecimentos,


Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,


Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,


Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,


Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.


Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,


Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,


Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,


Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,


Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,


Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,


Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,


Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!!!





Conchita Weber