quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um poema fantástico de Carlos Drummond de Andrade

Louco é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
                A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci. Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão. Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite. Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo desgraçado!!!!

Lá em casa

Lá em casa
Tem um passarinho
Preso na gaiola
Quando ele canta
Eu pego na viola
Sou eu e ele sem poder voar

Se eu abro a porta canarinho
Você vai embora
Motivo forte
muita gente chora
E eu choro pelo amor
Que se foi pelo ar

Não te solto, passarinho
Nunca cometo a besteira
Lá fora tem menino
E atiradeira
Alçapão e armadeira
Pra te pegar

Prefiro bem te ver mais preso
Dentro da gaiola
Do que marca de chumbo
Bem na tua gola
E é menos um bichinho
Pra poder cantar

Nós somos dois
Iguais nessa vida
Homem e passarinho
Sentindo a falta de amor e ninho
Você preso e eu sem assas
Pra poder voar.

|Obs: Desconheço o autor desse poema.

domingo, 15 de maio de 2011

Conchas...

"Somos como crianças brincando na praia: pulamos de alegria quando as ondas nos trazem dezenas de conchas coloridas e choramos de tristeza quando essas mesmas ondas levam as conchas embora..." Friedrich Nietzche